“Meu maior desafio é viver o suficiente para que meu neto tenha lembranças de mim”

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Mesmo sem nunca ter fumado, possuir hábitos saudáveis e amar corridas, Cláudia Lopes descobriu por acaso que tinha câncer de pulmão em 2014, durante uma tomografia do abdômen realizada devido a dores abdominais, causadas por um tumor no intestino.

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Para tratar a doença, Cláudia precisou passar por uma cirurgia que resultou na remoção de 30% do seu pulmão direito, seguida de quatro ciclos de quimioterapia.

“Depois que eu fiz a cirurgia do pulmão, tive receio de não poder voltar a correr. Mas eu fui percebendo que o corpo tem uma capacidade imensa de adaptação. Além disso, eu já tinha um histórico de corridas, o que ajudou bastante. Então, não tive problemas para retomar as corridas”, conta Cláudia.

Cláudia foi diagnosticada com câncer de pulmão em estágio 2. Foto: Arquivo pessoal
Cláudia foi diagnosticada com câncer de pulmão em estágio 2. Foto: Arquivo pessoal

Cláudia voltou aos treinos, recuperou seu condicionamento físico e, não muito tempo depois da cirurgia e quimioterapia, completou uma corrida de 10 km sem ter perda respiratória – incrível!

“Eu realizei a cirurgia em novembro de 2014 e participei da prova em dezembro de 2015. Recebi um grande apoio de amigos e familiares. Meu irmão, que também é corredor, me acompanhou, e curiosamente, ele foi quem acabou passando mal. Ainda hoje, me emociono ao lembrar do momento em que cruzei a linha de chegada. Foi surpreendente para mim, pois meu tempo de prova foi apenas um pouco maior do que o tempo que eu costumava fazer antes da cirurgia e quimioterapia”, disse Cláudia.

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“Uma coisa que eu sempre falo é que ter hábitos saudáveis não me impediu de ter câncer de pulmão, mas com certeza eles fazem com que eu lide com a doença de uma forma mais saudável”, completou.

Em 2018, Cláudia enfrentou uma recidiva da doença, com vários nódulos aparecendo em ambos os pulmões, não sendo possível fazer cirurgia: “Foi um baque, pois o câncer estava em estágio 4. Ouvir do médico que se tratava de uma doença incurável e que eu precisaria realizar tratamento pelo resto da vida, não foi fácil”.

Uma revolução no tratamento do câncer

Uma biópsia realizada nos Estados Unidos revelou que o tumor de Cláudia apresentava uma fusão de mutação EGFR-rad51. O receptor do fator de crescimento epidérmico (EGFR)

é uma proteína encontrada na superfície das células, que quando ativada, pode fazer com que algumas células pulmonares cresçam mais rapidamente.

Após a descoberta, os médicos substituíram o tratamento de quimioterapia e imunoterapia de Cláudia por uma terapia-alvo, uma modalidade de tratamento que ataca especificamente as células cancerígenas, sem danificar as células normais, minimizando os danos às células saudáveis.

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Cláudia trocou a quimioterapia e a imunoterapia pela terapia-alvo. Foto Arquivo pessoal
Cláudia trocou a quimioterapia e a imunoterapia pela terapia-alvo. Foto Arquivo pessoal

Em agosto deste ano, Cláudia completou cinco anos utilizando a mesma medicação, que é administrada oralmentepodendo tomá-lo em casa.

“Por atuar especificamente nas células cancerígenas, a terapia-alvo não provoca tantos efeitos colaterais, pelo menos não em mim. E com isso, ela me dá uma excelente qualidade de vida. Posso continuar correndo e fazer tudo o que eu costumava fazer”, explica Cláudia.

Claudia acredita que só conseguiu se manter ativa e se desafiando por causa da qualidade de vida proporcionada pela terapia-alvo. Foto: Arquivo pessoal
Claudia acredita que só conseguiu se manter ativa e se desafiando por causa da qualidade de vida proporcionada pela terapia-alvo. Foto: Arquivo pessoal

Cláudia voltou a sonhar

Estar com a doença controlada possibilitou à Cláudia “voltar a sonhar. E muitos dos meus sonhos são relacionados a desafios físicos”.

Ela participou da São Silvestre de 2019 e também completou 4 Caminhos de Santiago de Compostela – o maior deles sendo quase 800 km (isso mesmo, 800 km! 😱) – em 2021, e finalizou sua primeira meia-maratona em março deste ano.

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Mas, para Cláudia, seu maior sonho ou desafio não é físico: Meu maior desafio é viver o suficiente para que meu neto de três anos tenha lembranças de mim. É por isso que eu faço tudo isso. Quero ter muita saúde para viver”.

Emocionante ler isso, não é mesmo? ❤️

Pausa para este momento fofo da Cláudia com o Zack:

“Não preciso de um papel que me diga que estou curada”

Apesar da doença estar em um estágio em que não é possível a cura, Cláudia se sente muito saudável e se mantém ativa.

“Não é fácil lidar com o diagnóstico de uma doença incurável e que ameaça a vida. Mas eu não preciso de um papel que me diga que estou curada. Se eu faço tudo o que faço, e que muita gente saudável não faz, então, eu me sinto curada. Para mim, estar curada é ter saúde, mesmo tendo câncer”, afirma.

Claudia acredita que só conseguiu se manter ativa e se desafiando por causa da qualidade de vida proporcionada pela terapia-alvo. Foto: Arquivo pessoal
Claudia acredita que só conseguiu se manter ativa e se desafiando por causa da qualidade de vida proporcionada pela terapia-alvo. Foto: Arquivo pessoal

Agosto Branco

Agosto é o mês dedicado à conscientização da população sobre os riscos associados ao uso de cigarro e à disseminação de outras informações importantes para a prevenção do câncer de pulmão.

O câncer de pulmão é a terceira forma mais comum de câncer em homens e a quarta em mulheres no Brasil, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA)¹. Esse é o tipo de tumor mais letal, representando aproximadamente 25% de todas as mortes por câncer².

Por apresentar sintomas iniciais que são comuns a várias outras condições (!), como tosse, tosse com sangue, dor no peito, perda de apetite e falta de ar, e geralmente só se manifestarem em estágio avançado, a maioria dos casos é diagnosticada tardiamente¹. Se o câncer for descoberto em estágio inicial, a taxa de sobrevida em 5 anos é de 56%, mas atualmente apenas 16% dos casos são descobertos nessa fase¹.

O tabagismo e a exposição passiva ao fumo são os principais riscos para o câncer de pulmão. Foto: Pixabay
O tabagismo e a exposição passiva ao fumo são os principais riscos para o câncer de pulmão. Foto: Pixabay

É muito importante realizar check-ups médicos regularmente, especialmente para fumantes, pois o tabagismo e a exposição passiva ao fumo do tabaco são os principais fatores de risco para o câncer de pulmão, sendo responsáveis por aproximadamente 85% dos casos¹.

Existem diversos tipos de mutações genéticas que podem ser encontradas nas células tumorais de pacientes com câncer de pulmão de não pequenas células (CPNPC). O gene mais frequentemente mutado é o EGFR, presente em 10% a 30% dos casos³. Para fins de decisão diagnóstica, é necessária e mandatória a testagem do paciente³.

Existem diversos tipos de câncer de pulmão, e a testagem genética permite um tratamento preciso para cada um deles. Foto: Pixabay
Existem diversos tipos de câncer de pulmão, e a testagem genética permite um tratamento preciso para cada um deles. Foto: Pixabay

Existem diversos tipos de câncer de pulmão, e a testagem genética permite um tratamento preciso para cada um deles. Foto: Pixabay

A testagem genética possibilita ao paciente um tratamento personalizado, capaz de melhorar a sobrevida e qualidade de vida. Cláudia é um exemplo disso, e ela tem um recado para dar:

“O câncer de pulmão é uma doença que afeta a todos; basta ter pulmão. Então, sendo fumante ou não, mantenha seus exames em dia, faça exames de rastreamento, vá ao médico. Não ignore qualquer sintoma, pois o câncer de pulmão é silencioso. E muitas vezes quando é descoberto, o câncer já está em um estágio avançado”.

Aproveite que estamos no mês de conscientização sobre câncer de pulmão para agendar uma consulta com seu médico. E convide amigos e familiares a fazerem o mesmo: o diagnóstico precoce é a chave para o sucesso do tratamento.

Referências:

¹Instituto Nacional de Câncer (INCA). Câncer de Pulmão. Disponível em: https://www.gov.br/inca/pt-br/assuntos/cancer/tipos/pulmao. Acesso em 02 de agosto de 2023.

²ONCOGUIA. Estatística para câncer de pulmão. Disponível em: http://www.oncoguia.org.br/conteudo/estatistica-para-cancer-de-pulmao/6439/196/. Acesso em 02 de agosto de 2023.

³Oncologia Brasil. MUTAÇÕES DRIVER EM CÂNCER DE PULMÃO NÃO PEQUENAS CÉLULAS (CPNPC). Disponível em: https://oncologiabrasil.com.br/mutacoes-driver-em-cancer-de-pulmao-nao-pequenas-celulas-cpnpc/#:~:text=O%20c%C3%A2ncer%20de%20pulm%C3%A3o%20n%C3%A3o,tumorais%20de%20pacientes%20com%20CPNPC. Acesso em 02 de agosto de 2023.

Material destinado a todos os públicos. BR-25383. Aprovado em agosto de 2023.

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