A técnica que salvou um paciente pós-AVCi e por que ela deve ser incorporada ao SUS

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O médico cirurgião plástico Antonio Fernandes, 73 anos, enfrentou o imprevisível em uma manhã como qualquer outra. Logo após tomar o seu café da manhã, ele sentiu um cansaço repentino e dificuldades para andar

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Seu parceiro notou que a boca de Antonio estava torta e o levou imediatamente ao hospital Moinhos do Vento, em Porto Alegre (RS). Ao dar entrada no Pronto Socorro, Antonio foi diagnosticado com Acidente Vascular Cerebral isquêmico (AVCi)

O AVC ocorre quando há uma alteração súbita do fluxo sanguíneo no cérebro”, explica o chefe do Serviço de Neurorradiologia Intervencionista do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, Michel Frudit. Pode ser hemorrágico, quando ocorre a ruptura do vaso, ou isquêmico, quando há entupimento da artéria e provoca a falta de circulação sanguínea na região – foi o caso do Antonio. 

“Quando o AVC ocorre, cerca de 2 milhões de neurônios começam a morrer por minuto, provocando sequelas, como dificuldade para caminhar, enxergar e engolir e diminuição da memória. O AVC isquêmico corresponde a 80% dos casos de AVC. No Brasil, o AVC é a segunda causa de morte e a primeira que mais incapacita”, afirma Frudit.

Inicialmente, Antonio foi submetido à Trombólise Endovenosa, uma medicação administrada na veia que dissolve os coágulos que entopem os vasos sanguíneos. Porém, a resposta não foi a esperada. Ela é eficaz em casos mais leves. 

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No caso de AVCs isquêmicos mais graves, quando há obstrução de grandes artérias cerebrais, a Trombectomia Mecânica (TM) é mais eficaz e foi a técnica utilizada pela equipe médica, liderada pelo Dr. Lucas Cabral. Ela consiste na desobstrução da artéria com um cateter que leva um dispositivo endovascular, como um stent, para remover o coágulo sanguíneo do cérebro.

O caso do Dr. Fernandes chamou a atenção da equipe médica. Ativo fisicamente e adepto de uma dieta saudável, ele não se encaixava no perfil típico de pacientes com AVC isquêmico. Essa peculiaridade levou a uma investigação mais aprofundada, revelando uma condição cardíaca que ele carregava desde o nascimento: o Forame Oval Patente, uma estrutura anatômica que separa o átrio direito do esquerdo. 

“Existem diversas causas, mas os fatores de risco mais comuns são: hipertensão, colesterol alto, diabetes, tabagismo, fibrilação atrial (arritmia cardíaca mais comum), sedentarismo, excesso de peso, abuso de álcool, depressão/stress. O AVC pode ocorrer em qualquer idade, inclusive em crianças, mas quanto maior a idade maior o risco (mais comum acima dos 65 anos). Pessoas que tiveram pais ou irmãos com AVC também têm um maior risco”, explica Michel Frudit. 

Graças à Trombectomia Mecânica, Antonio não ficou com sequelas, e voltou a exercer as mesmas atividades que fazia antes de sofrer o AVCi: ele opera, faz plantões, atividades físicas e, cheio de vitalidade, reforça que aprendeu a dar ainda mais valor à vida.

A Trombectomia salvou a vida do Antonio e pode salvar outros milhares de pacientes. Foto: Arquivo pessoal

“É um sentimento de gratidão enorme pelos meus colegas que fizeram isso por mim, a quem me socorreu. É uma coisa fantástica. A Trombectomia salvou a minha vida”, agradeceu o médico. 

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Seu caso destaca a necessidade de se ter a Trombectomia Mecânica disponível no Sistema Único de Saúde (SUS). Ela deveria ter sido disponibilizada nos hospitais da rede pública desde agosto de 2021, mas isso ainda não aconteceu. Sem essa liberação, milhares de pacientes com AVC deixaram de ser beneficiados pelo tratamento.

Por que a Trombectomia Mecânica precisa ser inserida no SUS?

Embora a Trombectomia Mecânica tenha sido aprovada pela CONITEC em 2021, como tratamento seguro, eficaz e com custo-efetivo contra o Acidente Vascular Cerebral Isquêmico (AVCi) no SUS, a técnica ainda não está disponível para a população, pois aguarda a publicação do Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) pelo Ministério da Saúde.

O Sistema Único de Saúde é o pilar central da assistência médica para milhões de brasileiros e a Trombectomia Mecânica é cientificamente comprovada como eficaz nos casos mais graves de AVC e custo-efetivo. É, portanto, crucial que o tratamento esteja disponível à sociedade. 

E aqui estão algumas razões para você apoiar essa causa:

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Gravidade do AVC

O AVC é a segunda principal causa de morte no mundo e a maior em incapacidade. As consequências transcendem a saúde física, gerando impactos também na saúde emocional e no aspecto socioeconômico para a família e o governo por conta da impossibilidade de retorno ao trabalho. 

Cada minuto conta

Em um AVC, cada minuto conta. A rapidez na intervenção médica pode ser a diferença entre uma recuperação completa e sequelas permanentes. A TM, quando realizada prontamente, tem a capacidade de minimizar os impactos na capacidade funcional (cognitiva e motora), dando maior independência no pós-AVC

Limitações dos tratamentos atuais no SUS

A Trombólise Endovenosa, ideal para casos mais leves, é a única opção atualmente disponível na rede pública de saúde e nem sempre eficiente para os casos mais graves do AVCi.

Eficácia comprovada

Além de segura e eficaz, uma das grandes vantagens da TM é sua maior eficácia no tratamento do AVCi com obstrução de grandes artérias cerebrais, exatamente os que menos respondem ao tratamento medicamentoso. Outra vantagem é que, em determinados casos, pode ser utilizada até 24 horas após os primeiros sintomas do AVC com sucesso. Os trombolíticos têm uma janela restrita de indicação e sucesso somente até 4,5 horas depois das manifestações iniciais da doença.

Benefícios clínicos e econômicos

Além de reduzir as taxas de mortalidade e tempo de internação, a Trombectomia Mecânica potencializa a recuperação pós-AVCi e atenua em até três vezes as sequelas da doença. Há um estudo brasileiro, solicitado pelo Ministério da Saúde, que atesta esses benefícios, bem como a custo-efetivo da técnica.

Uma luta pelo direito de viver plenamente!

A experiência do Antonio, que voltou a ter uma vida normal graças à Trombectomia Mecânica, é um testemunho do impacto desse tratamento. Sua disponibilização no SUS pode transformar o cenário da saúde pública brasileira, trazendo esperança e melhores perspectivas para aqueles que sejam acometidos pelo AVC isquêmico, assim como seus familiares. 

“Se eu não tivesse feito a Trombectomia Mecânica, eu estaria certamente com o meu lado esquerdo paralisado. É um procedimento que eu, particularmente, gostaria que todo mundo tivesse acesso”, destacou Antonio.

Junte-se a nós nessa causa. Compartilhe a história do Antonio e fale sobre a importância desse tratamento estar disponível no SUS. E, para reforçar nossa mensagem, utilize o filtro #PrecisamosTratarOAvc no Instagram. 

A sua participação é fundamental! Aproveite que estamos no Mês de Conscientização do AVC (29/10) e faça sua voz ser ouvida! Porque, juntos, podemos garantir que histórias como a do Antônio não sejam a exceção, mas a regra. Vamos nessa!

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